“Precisamos de ouvir a informação no corpo, nos tecidos; é ali onde se encontram todas as respostas.”
Florence Cohen Fundadora da Reflexología Osteopática® - Osteopathic Reflexology Approach®, Tensegrity Touch™, Hipnose Clínica. (Desenvolve e ensina novas técnicas de terapia manual, as quais contribuem para que o organismo volte ao seu ponto de equilíbrio rapidamente e de forma duradoura, integrando a fáscia e as leis da física às quais estamos submetidos) Francesa Vive em Madrid – Espanha Local de atendimento – Madrid Países onde ensina a Reflexología Osteopática®: Espanha, Reino Unido, Irlanda do Norte, Argentina; no próximo ano - Itália.
Conheci Florence Cohen em Fevereiro de 2020. Participei no seu curso de Reflexología Osteopática® em Madrid (1ª parte) – foi para mim uma extraordinária aprendizagem entrar no mundo maravilhoso da fáscia que Florence tão bem soube transmitir ... Seguir o tecido e sentir a fáscia. Integrar a fáscia no meu trabalho de reflexologia tem sido uma ferramenta eficaz na identificação de bloqueios e consequente tratamento das áreas em desequilíbrio. Vamos ler o que Florence Cohen tem para nos contar.
Porque decidiu ser Reflexologista? E quando? Em 2020 decidi ser Reflexologista. De seguida, decidi especializar-me na fáscia. A partir desse momento, as minhas mãos começaram a fazer coisas diferentes daquelas que me tinham ensinado com resultados mais rápidos nos pacientes. Originalmente, sou economista com MBA. Mas, não gostava do trabalho no mundo dos negócios. Sentia que as pessoas não eram autênticas e viviam obcecadas com dinheiro. Não era para mim. Entretanto, fiquei doente, deixei de conseguir movimentar o braço esquerdo por muitos anos; tive que voar até aos EUA para encontrar o cirurgião certo para o “consertar – isto foi na casa dos trinta. Após a minha operação e um ano e meio de reabilitação, decidi mudar completamente de direcção e acabei em Londres a aprender Reflexologia, no Instituto Internacional de Reflexologia, na escola Ingham. Honestamente, acho que uma mão muito sábia e invisível estava a empurrar-me nesta direcção.
Quando apareceu a Reflexología Osteopática®? Apareceu aproximadamente há 10 anos atrás. Não com o nome Reflexología Osteopática®; foi crescendo enquanto aprendia com os melhores especialistas em fáscia e em periósteo, lia sobre mecanobiologia e física quântica; fiz algumas aulas de física quântica para tornar as minhas ideias mais claras.
Como descreve a Reflexología Osteopática®? É o entendimento científico da importância das extremidades – mãos, braços, pés e pernas – na nossa saúde. E qual o papel das extremidades na nossa saúde e porquê? Isto requer uma compreensão da física dos sólidos interagindo com os líquidos, da física da tensão/compressão e da vibração, da distribuição de forças, da mecânica tradicional e da mecânica mais moderna em relação ao corpo e à vida em geral – a tensegridade. Isto requer uma compreensão do novo campo de investigação da mecanobiologia que se esforça por explicar a vida e da física/biologia quântica que nos mostra os elementos fundamentais do Universo – a geometria e a interacção ao nível subatómico que determina tudo, ou seja, como existimos, como nos movemos, como nos mantemos saudáveis ou não. Além disso, a Reflexología Osteopática® trata de conhecer o máximo sobre os tecidos que tocamos, as suas propriedades, as respostas a diferentes estímulos e de saber, com base no que tocamos, como deveremos interagir com o tecido, a rede fascial e os líquidos. E quando somos bons nisto, a magia acontece – o corpo responde de maneiras surpreendentes.
A Reflexología Osteopática® está relacionada com a fáscia. O que é a fáscia? O quão é importante? Fáscia é tudo. Sem fáscia, não há vida humana. É o suporte da vida e saúde; permite respirar; da fáscia depende o fluxo adequado dos líquidos do corpo, incluindo o sangue. A fáscia permite avançar, está presente nas células até ao nível subatómico, sendo determinante na forma e na saúde celular e na comunicação intercelular. Podemos viver sem cérebro, mas não podemos viver sem oxigénio, água e/ou fáscia. Quando entendemos melhor a física quântica, a importância primordial da fáscia torna-se ainda mais importante.
Quais os principais problemas relacionados com a fáscia e possíveis sintomas no corpo? E quais as possíveis causas para os problemas na fáscia? O erro é pensar que a fáscia é algo separado dos outros órgãos ou estruturas. Não é assim que funciona. Podemos ter um problema na fáscia localizado, como um tendão lesionado, um ligamento rompido... mas na realidade, todas as patologias têm origem na fáscia. A fáscia está sempre envolvida na nossa saúde e patologias, como o brilhante médico Andrew Taylor Still, fundador da Osteopatia, reconheceu no Séc. XIX. A fáscia é um facilitador da vida e da saúde. É seguramente um passo mental gigante para a medicina das partes com 500 anos. Todas as células do corpo estão feitas e conectadas pela fáscia, do coração ao fígado, à pele, aos músculos, dos ossos aos olhos, à pleura; tudo é mantido pela fáscia, a função de tudo depende da fáscia e dentro da célula de cada órgão ou estrutura entra a fáscia (ou sai, dependendo com quem falamos); a fáscia torna-se em microfilamentos e microtúbulos fazendo o mesmo numa escala menor, interagindo com a química e a produção de energia. É por isso que, quando trabalhamos bem a fáscia, os resultados são muito positivos e duradouros, independentemente da patologia. Quais os benefícios da Reflexología Osteopática®? Uma avaliação rápida da concentração anormal de forças numa ou em várias áreas do corpo reflectidas nas extremidades através da tensegridade e gravidade. Podemos sentir se é superficial, profundo, ao nível do periósteo ou dentro do osso; e as técnicas foram desenvolvidas para lidar com todos estes casos possíveis. E como pode ser integrada com a Reflexologia “Clássica”? Não penso que seja tanto “como pode ser” mas sim que “deve ser”. Se tocamos num corpo devemos saber o que estamos a tocar, o porquê de se sentir de determinada maneira, o que significa o que se está a sentir e como corrigir. Também devemos ser capazes de entender as respostas do corpo a um determinado tratamento e os níveis de dor. Pessoalmente, acredito que uma abordagem por sistemas está desactualizada, pois nada tem a ver com a nossa compreensão do corpo no Séc XXI, especialmente no mundo da investigação fascial. Precisamos de ouvir a informação no corpo, nos tecidos; é ali onde se encontram todas as respostas. Nem sempre faço amigos dizendo isto, mas a ciência prova que estou certa. Por vezes, precisamos de aceitar; é tempo de deixar o velho e dar um salto para uma nova era de conhecimento. Isto não significa que a Reflexologia “Clássica” não funcione. Pelo contrário, é uma mina de ouro de conhecimento, sendo necessário entender como integrar o conhecimento antigo chinês e mesmo o de Ingham, com o novo conhecimento da fáscia e da física quântica. Seria uma pena ficar para trás.
Que tipo de patologia trata mais? Os casos em que existe dor por toda a parte, ou seja, o paciente que não se sente bem em geral e tem falta de energia.
Conte um caso de sucesso. Um caso que tenho agora: uma mulher de 58 anos, diabética, com sobrepeso, enviada para mim por osteopata, com dores generalizadas, mais pronunciadas na fáscia lata da perna direita, cóccix, pescoço e dificuldade em respirar. Andava assim há 3 anos. Numa só sessão, a maioria das dores desapareceu, a respiração melhorou e a energia aumentou; e em 3 sessões sente-se completamente diferente, está feliz. A partir de agora quer prevenção; esses 3 anos foram horríveis para ela - irei continuar a vê-la uma ou duas vezes por mês.
A Reflexología Osteopática® tem bons resultados no tratamento de problemas reumáticos, artrites, artroses…? Tem bons resultados no tratamento de tudo, pela ligação fáscia–saúde que expliquei anteriormente. No entanto, o estado e os recursos do corpo da pessoa determinam com que rapidez é possível obter resultados. O corpo fará tudo para melhorar, mas precisa de combustível para isso acontecer. Ou seja, a fáscia precisa de ser hidratada (beber água), de alimentos saudáveis, de dormir, de movimento; e quanto menor a medicação melhor - a investigação médica comprovou que certos medicamentos deterioram a condição do tecido fascial. A fáscia é única, a fáscia de cada um é única e a Reflexología Osteopática® ensina a lidar com essa singularidade.
Podemos relacionar uma boa saúde da fáscia com resultados mais efectivos ao estimular as áreas reflexas nos pés (Reflexologia Podal)? No momento em que tocamos um corpo, estamos a tocar na fáscia e afectando toda a rede fascial. Quando as técnicas são boas ou muito boas os resultados no corpo são espectaculares. A condição da fáscia depende da idade, actividade física, estado emocional, hábitos alimentares, hidratação e medicação que toma. Trabalhamos com o que existe. E podemos, do ponto de vista mecânico, melhorar a distribuição de forças na rede fascial e activar os líquidos, libertando as aderências fasciais e melhorando significativamente a capacidade do corpo em se auto-curar. Trabalhando as áreas reflexas com boas técnicas tradicionais é eficaz e melhorará a saúde através da distribuição de forças na rede fascial, mesmo que o terapeuta não a conheça. No entanto, se apalparmos primeiro para entender o que está a acontecer nas extremidades do corpo - o que diz o tecido – e se integrarmos esta informação com a informação das áreas reflexas, os resultados serão ainda mais impressionantes. Mas para tal, é importante aprender a sentir sob os dedos a enorme quantidade de informação (e bastante precisa) que existe nas extremidades, a qual fala sobre o corpo.
A fascite plantar afecta muita gente. Como pode ajudar a Reflexología Osteopática® ? A fascite plantar é um problema fácil de resolver. Nas pessoas afectadas observamos falta de movimento no osso calcâneo, além de tremendas adesões no periósteo. Ao esticar a cadeia posterior, trabalhando a elasticidade natural do tecido, devolvemos o movimento flexível ao calcâneo em relação aos ossos circundantes e liberamos as aderências do periósteo – tudo isto aplicando técnicas que desenvolvi e numa, ou no máximo em duas sessões, a fascite plantar desaparece. A maioria dos casos de fascite plantar deve-se a uma desidratação. Recomendo sempre questionar aos pacientes qual a quantidade de água que bebem.
O que torna a Reflexologia diferente de outras terapias complementares? As extremidades – mãos, braços, pés e pernas - são essenciais para a saúde. Elas regulam. Temos nas nossas extremidades um sistema incorporado de auto-regulação. A engenharia é tão inteligente. É por isso que os pés e mãos têm tantos ossos. Sem o movimento entre os ossos não poderia haver redistribuição de forças nem activação dos líquidos. Na verdade, é um sistema muito complexo que trabalha em vários níveis entrelaçados. Por exemplo, a informação dos nervos só viaja adequadamente se a fáscia o permitir, se não existir aderências a comprimir os nervos; se o nervo tiver livre movimento dentro da membrana protectora da fáscia e se os líquidos incluindo o sangue, fluírem livremente ao redor do nervo. O enredamento de tudo com tudo é alucinante. Mas o factor comum é a fáscia. Então, quando trabalhamos nas extremidades, estamos a acessar a este incrível sistema de auto-regulação. Quais os conselhos para o cuidado diário da fascia? Movimento, (re)saltos, comer bem, dormir bem, hidratação e cuidar bem do stress e emoções. As emoções são o gatilho para o “encolhimento” da fáscia.